20 julho 2019

Estúpido é o sistema, mas não mais do que os que lhe permitimos continue instalado!

A questão central nossa não é a de um mero desvio ou deslize moral! Sinto muito! É, sim, o sistema, mas não exatamente como o viu Marx.

Desde que cedemos ao uso do dinheiro - conceito urdido, é provável, ao longo de milênios até chegar à forma da moeda, como o conhecemos hoje - e em torno dele organizamos o que produzimos, livrar-nos dos males que por natureza própria ele nos causa tornou-se algo contra que, sozinho, o mero imperativo moral é impotemte, mesmo porque o dinheiro ainda guarda muito da sua aura de promotor de justiça ou da justa negociação, ainda que à força de muita hipocrisia. Adotar as sugestões de boa conduta do Papa ou do Dalai Lama não ajuda em praticamente nada em termos de salvar-nos do capitalismo, seja atenuando-o ou o extinguindo, antes sendo provável que agudize a sensação de impotência - em particular a moral -  diante dele.

É preciso que se entenda a incapacidade de o dinheiro dar conta de distribuir bem a riqueza (que é tudo quanto produzimos), processo que antes, a bem da verdade, ele atrapalha, assim como atrapalha a própria produção, uma vez que tudo se planeja, não em função do produto negociado, mas do seu valor monetário (um signo, símbolo, no sentido de Peirce), que obnubila tudo quanto é de  real interesse relativo ao produto, a quem o produziu e a quem o consome.

A malversação que faz da produção é simplesmente catastrófica, pois de necessidade alija do processo produtivo - e, por conseguinte, da sociedade, já que não tem acesso a salário - parte significativa da mão de obra, já que por princípio não é preciso que todos produzamos o tempo todo, e sim em turnos, uma vez que produzir é, por natureza, multiplicar: na verdade o dinheiro se vale dessa propriedade do trabalho para multiplica-se - o lucro!- e ainda assim é incapaz de fechar contas. Por natureza, também, o dinheiro não pode nem tem como fechar contas, caso contrário, deixa de funcionar.

Não há dúvida de em potência o indivíduo humano ser bom,, no sentido de por natureza pender para a busca do que julga ser bom, mas o uso do dinheiro é, faz milênios, o maior empecilho ao desenvolvimento desse potencial. E estamos presos ao dinheiro por uma questão de estrutura, de sobreviência, cujo desmonte causará  de fato muita dor de cabeça, embora se trate de sistema burro, que nem promove justiça, nem favorece a produção - bem o contrário. Além de evidentemente termos nos tornado eticamente desprezíveis por ter de usá-lo, continuamos a o fazer por medo ou falta de vontade de mudar, mas principalmente por pura estupidez, por falta de curiosidade de saber como ele realmente funciona e por darmos ouvidos às lorotas de quem faz da vida controlar-nos por seu intermédio, usando-o à maneira de rédeas, chicote e espora. E, não esqueçamos: o malfeito - o mal - é em verdade o primogênito da ignorância.

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